Greve das "Pernas Cruzadas" na Colômbia

Esposas e namoradas de membros de gangs numa das cidades mais violentas da Colômbia convocaram uma greve de sexo para tentar convencer os seus companheiros a entregarem as suas armas.
O movimento foi chamado de "greve das pernas cruzadas" e conta com o apoio do autarca local.
Pereira fica numa região produtora de café da Colômbia e, em 2005, registou 478 homicídios. Até agosto passado, os assassinatos já somavam 210.
A idéia foi sugerida por Omaira, esposa de um pistoleiro, numa reunião com as autoridades locais, que contou com a participação de cerca de 25 mulheres vindas de bairros populares da cidade.
"Se os nossos maridos gostam tanto de sexo, vamos deixá-los sem sexo até que se sentem para falar de convivência", disse Omaira, segundo informou à BBC o assessor de segurança da Prefeitura de Pereira, Julio César Gómez.
"As esposas estão preocupadas porque as brigas armadas podem terminar com a vida dos seus maridos", afirmou Gómez.
Ele acredita que a greve de sexo é uma "proposta pedagógica inovadora" e garantiu o apoio das autoridades.
"Já estamos a organizar as coisas para que algumas dessas mulheres trabalhem como guias culturais da cidade", contou. "Também fui falar com alguns maridos e dei-lhes alternativas diferentes da violência. Sei que não existe uma poção mágica, mas temos que desactivar essas bombas sociais."
Uma rádio colombiana informou que, estudos revelam que os membros dos gangs locais foram atraídos pela criminalidade devido ao desejo de poder e de gerar atracção sexual gerada pelo status, e não por necessidade económica.
"Queremos que eles saibam que violência não é sexy", disse Jennifer Bayer, uma das namoradas, ao jornal britânico The Guardian.
Bayer disse que as mulheres fizeram um hino em forma de rap para o movimento.
"Como mulheres nós valemos muito. Não queremos ficar com homens violentos, pois com eles saímos a perder", afirma a letra da música.

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